Visibilidade e Acolhimento: Iniciativas que marcaram o Mês do Migrante e do Refugiado em Florianópolis

Mês do Migrante e do Refugiado Florianópolis

O mês de junho foi marcado por uma série de ações voltadas à comunidade migrante e refugiada da Grande Florianópolis. Organizações da sociedade civil, ONGs e órgãos governamentais se uniram na promoção de atividades de acolhimento, apoio e conscientização, com o objetivo de dar visibilidade à causa migratória e ampliar a compreensão sobre a realidade enfrentada por pessoas migrantes que chegam ao Brasil. A Rede Migra, articulação formada pela Pastoral do Migrante – Missão Scalabrini, Cáritas Regional Santa Catarina e o Serviço Jesuíta a Migrantes e Refugiados, liderou diversas dessas iniciativas. O Mês do Migrante e do Refugiado também contou com o apoio institucional do ACNUR, a Agência da ONU para Refugiados.

O calendário do Mês do Migrante e do Refugiado fez alusão a 40ª Semana do Migrante 2025, realizada nacionalmente entre os dias 15 e 22 de junho, com o tema “Migração e Esperança: Sempre no caminho com os migrantes”. A Semana, promovida pela Pastoral do Migrante em parceria com diversas entidades, é um período tradicionalmente dedicado à reflexão, mobilização social e ações em defesa da dignidade das pessoas migrantes e refugiadas. Em sintonia com essa proposta, a programação em Florianópolis se estendeu por todo o mês de junho, ampliando o alcance das atividades e aprofundando o debate sobre acolhimento, integração e garantia de direitos, fortalecendo o compromisso coletivo com a justiça e a hospitalidade.

Entre os dias 3 e 29 de junho, foram realizados mutirões de atendimento em diferentes cidades da Grande Florianópolis, com foco na regularização de documentos e inclusão social de pessoas migrantes. Nessas ações, organizadas pela Rede Migra em parceria com os Centros de Referência de Assistência Social (CRAS) dos municípios de Florianópolis, Palhoça, São José e Biguaçu, foram oferecidos serviços como orientação jurídica, apoio em processos de solicitação e renovação de residência ou refúgio, assistência social, cadastro para vagas de emprego e inscrições em cursos de português. Durante os quatro mutirões foram atendidos mais de mil migrantes.

Os mutirões tiveram um papel essencial na garantia de direitos e no fortalecimento da rede de apoio a essa população. Pessoas como a dona de casa Inês Torres, migrante venezuelana que se mudou com a família para o Brasil em busca de melhores condições de vida e trabalho, vêem na iniciativa uma forma de facilitar o acesso a direitos básicos e ampliar as oportunidades. O marido de Inês, Alberto, concorda e complementa: “Fomos muito bem recebidos aqui em Florianópolis, há muitas fontes de trabalho, estamos indo em frente, pouco a pouco. Recebemos a ajuda da Missão Scalabrini para fazer nossa documentação, e foi um processo fácil”.

Javier Ramón Suárez, refugiado cubano que deixou seu país há seis meses e escolheu se estabelecer em Florianópolis em busca de mais oportunidades e estabilidade, também destaca a importância dos atendimentos para a população refugiada, seja por motivos econômicos, políticos ou por violações aos direitos humanos. “Saí de Cuba buscando mais estabilidade econômica para mim e minha família. A acolhida aqui foi muito boa: recebemos ajuda com documentação, emprego, e estamos muito felizes com o que encontramos aqui no Brasil”, afirma.

Quando questionado sobre por que escolheu o Brasil como destino, Javier responde: “Nosso objetivo sempre foi o Brasil, porque oferece melhores oportunidades de trabalho, melhores condições econômicas e serviços de saúde de qualidade. Coisas que sempre buscamos”. O depoimento de Javier se soma ao de centenas de outros migrantes e refugiados que também enxergam o Brasil como uma terra de oportunidades para reestruturar suas vidas. Esse movimento é confirmado pelo crescente aumento do fluxo migratório no país, que, em 2024, recebeu cerca de 190 mil migrantes, segundo dados do Governo Federal.

A programação também contou com um momento especial de celebração cultural durante o Encontro Cultural da Feira dos Imigrantes, realizado na Beira-Mar Norte. O evento, organizado conjuntamente pela própria Feira, Rede Migra e Projeto Sawubona, trouxe apresentações musicais e artísticas, palestras sobre culinárias típicas de diferentes países e sessões de cinema com produções internacionais. Além de promover o intercâmbio entre culturas, a feira estimulou a economia local, oferecendo espaço para que feirantes migrantes comercializassem seus produtos e compartilhassem suas tradições.

O mês foi encerrado com uma Missa celebrada em espanhol, voltada à comunidade hispano-falante da região. Após a cerimônia religiosa, aconteceu a Festa da Partilha, um momento de confraternização com comidas típicas, jogos, música e danças, reforçando o espírito de acolhimento, diversidade e união que marcou toda a programação.

O Mês do Migrante e do Refugiado em Florianópolis reafirmou o compromisso da cidade e de seus parceiros com a construção de uma sociedade mais justa, diversa e acolhedora para todos. A Pastoral do Migrante – Missão Scalabrini agradece profundamente todas as instituições e parceiros que tornaram possível a realização das ações do Mês do Migrante e do Refugiado na Grande Florianópolis. Em especial, agradecemos ao ACNUR – Agência da ONU para Refugiados, pelo apoio e fortalecimento de nossas ações, nos permitindo ampliar o alcance dos atendimentos e atividades de acolhimento. A presença do ACNUR reafirma a importância da cooperação internacional na promoção e defesa dos direitos das pessoas em situação de migração e refúgio no Brasil.

Agradecemos também à Adveniat, por seu compromisso permanente com a justiça social, a dignidade humana e o fortalecimento das iniciativas voltadas às populações vulneráveis na América Latina. Estendemos nossa gratidão ao Regional Sul 4 da CNBB, por seu apoio institucional, espiritual e pastoral.

Também queremos agradecer a colaboração dos projetos e organizações que estiveram conosco na realização das atividades do mês: a Feira dos Imigrantes; Pátria Grande Produções; Projeto Sawubona; e a Cáritas Regional Santa Catarina, nossa parceira constante na construção de redes de solidariedade e proteção.

A cada instituição, equipe e voluntários envolvidos, nosso agradecimento. Que possamos seguir juntos e juntas na missão de construir pontes, garantir direitos e cultivar o acolhimento como valor fundamental de uma sociedade verdadeiramente humana e diversa.

Fontes:

Entrevistas pessoais realizadas pela Missão.

MINISTÉRIO DA JUSTIÇA E SEGURANÇA PÚBLICA (Brasil). Brasil registra 194,3 mil novos migrantes em 2024. Portal Gov.Br, Brasília, 07 fev. 2025. Atualizado em 13 fev. 2025. Disponível em: <https://www.gov.br/mj/pt-br/assuntos/noticias/brasil-registra-194-3-mil-novos-migrantes-em-2024>. Acesso em: 02 jul. 2025.

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